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04-06-2008

São conhecidas várias falência


Caves enfrentam dificuldades na Bairrada

Depois da euforia dos anos 90, em que o vinho estava na moda e se fizeram grandes plantações em todo o país e na Bairrada, o sector vinícola atravessa uma crise que está a levar ao desaparecimento, leia-se falência, de Caves históricas da Bairrada, conhecidas pelo "método champanhês" introduzido nos espumantes. Só em Anadia, nos últimos tempos, foram tornados públicos os processos de falência nas Caves Valdarcos, Fundação e Neto Costa. E os rumores de que outras se seguirão estão na boca de qualquer operador do sector vinícola da região.

São mais de uma dúzia as caves que têm sede no concelho de Anadia e muito poucas as que conseguem passar ao lado da crise do sector. Depois de décadas a liderar os mercados dos espumantes do país - segmento ao qual juntaram os licores, vinhos tintos e aguardentes -, com o sector a absorver uma importante de fatia de mão-de-obra no concelho, a crise instalou-se e o fecho está a tornar-se inevitável. As causas não são difíceis de identificar: a globalização, a concorrência de novos produtos vinícolas, a falta de preparação tecnológica das empresas portuguesas.

Embora concentradas no concelho e na região demarcada - que abrange também os concelhos de Mealhada, Cantanhede, Oliveira do Bairro, Águeda e uma franja de Coimbra -, a proximidade não conduziu à organização do sector e este é um dos motivos apontados para "a sua falta de prosperidade". António Dias Cardoso, enólogo, responsável, durante anos, pela Estação Vitivinícola da Bairrada e autor de várias obras técnicas ligadas à enologia, sublinha que a desorganização leva a que só as empresas de extraordinária robustez económica resistam. "O sector está realmente a enfrentar dificuldades devido às margens baixíssimas impostas pelo mercado, em alguns casos trabalha-se no limiar da sobrevivência. Em parte, deve-se ao facto de não se ter cuidado a organização do sector. A espontaneidade do agente isolado já não é suficiente e as grandes superfícies conseguem ter uma capacidade negocial que os agentes, dispersos, não têm", explica.

A globalização e entrada de novos vinhos no mercado também explicam as dificuldades. Mas podem também ser o factor de sucesso. Os que mantêm uma posição de destaque no sector defendem que a aposta de futuro é a exportação e a qualidade. E esta última tem que ser sujeita às entidades acreditadoras de países como Alemanha ou Reino Unido.

Para Alexandrino Amorim, da Caves Solar S. Domingos, a diferença entre os que "conseguirão superar esta fase, até 2014, está na produção". "As casas que estão pior - e que é com mágoa que vemos encerrar- são as que não têm produção própria. Sem isso, não controlam o produto que compram e o que chega às Caves pode não ser de melhor qualidade. Nós optámos por fazer esse acompanhamento na vinha e assim, quando chega a altura da vindima, já sabemos com o que podemos contar", refere.

Tal como Dias Cardoso, o empresário sublinha que pesa às empresas o facto de não se terem actualizado, bem como a falta de "associativismo na região". Mas é optimista e acredita que as empresas que vinguem na próxima meia dúzia de anos conseguirão recuperar as vendas obtidas nos anos 90.

Também positiva é a visão de João Casaleiro. O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) garante que as dificuldades são as sentidas noutros sectores e que as maiores preocupações da região têm a ver com o abandono nas pequenas vinhas. "Ainda não conseguimos implementar mecanismos de emparcelamento destas pequenas parcelas ou colocá-las no mercado e vão ficando abandonadas", explica.

Produtores fizeram investimentos de vulto

A par do declínio de algumas Caves, a Bairrada assistiu, na última meia dúzia de anos, a um investimento sem paralelo de produtores de vinho. São exemplo disso as novas adegas edificadas, sejam a Colinas de S. Lourenço, a Adega do Campolargo, a Quinta do Encontro, da Dão Sul. Ainda assim, António Dias Cardoso sublinha que estes foram investimentos traçados ainda na década de 90, numa altura em que existia uma "certa ilusão de prosperidade, uma época em que o vinho entrou na moda". " Hoje não se pode dizer que exista prosperidade no sector vinícola. Mesmo os novos investimentos são quase todos de rendimentos transferidos de outras áreas de negócio".

Carlos Campolargo confirma que o investimento da nova adega foi decidido em 1998, num clima de ascensão que já não existe. Porém, acredita que, se fosse hoje, a decisão teria sido a mesma, "apenas com cautelas acrescidas", refere.

Dias Cardoso não tem dúvidas de que é também aqui que está uma das dificuldades das Caves. "Com o consumo estagnado, os novos produtores conseguem impor-se desalojando alguns dos que já estão no mercado. Só assim é que vencem e vencem os melhores, porque o consumidor está mais exigente", afirma.

Tânia Moita

tania@jb.pt


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